Observatório do ISMT identifica escassez de recursos e burocracia excessiva no trabalho dos Assistentes Sociais

Observatório do ISMT identifica escassez de recursos e burocracia excessiva no trabalho dos Assistentes Sociais

2025-12-09

O estudo, realizado em três unidades locais de saúde da região Centro, revela que os assistentes sociais enfrentam desafios estruturais significativos, nomeadamente a escassez de recursos humanos e materiais, bem como uma carga burocrática excessiva que condiciona a intervenção social.

O Observatório Internacional das Condições de Trabalho dos Assistentes Sociais, do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), apresentou os resultados do seu primeiro diagnóstico sistemático. O estudo, realizado em três unidades locais de saúde da região Centro, revela que os assistentes sociais enfrentam desafios estruturais significativos, nomeadamente a escassez de recursos humanos e materiais, bem como uma carga burocrática excessiva que condiciona a intervenção social.

A investigação, desenvolvida pelas docentes do ISMT Sónia Ribeiro e Matilde Carvalho, baseou-se em entrevistas a 21 profissionais e destaca limitações ao nível do espaço físico, que muitas vezes não garante o necessário sigilo profissional, e a utilização de equipamentos informáticos obsoletos. Segundo a docente Sónia Ribeiro, a "produção de estatística" e o preenchimento de plataformas criam um "fardo diário" que afasta os profissionais da sua função primordial: a defesa dos direitos sociais e o acompanhamento humanizado dos utentes.

O diagnóstico aponta ainda para uma pressão temporal decorrente de uma cultura de gestão focada em métricas de produtividade e na rapidez das altas hospitalares. Apesar da sobrecarga e da exigência de celeridade em situações sociais complexas, os profissionais mantêm o compromisso ético, embora com elevado custo pessoal. O Observatório adianta que este estudo será replicado no Brasil, França e Espanha, estando também previsto um estudo nacional sobre o stress e a satisfação laboral destes profissionais.